Outro dia morreu um cara.

Sei, hoje também, e todos os dias parece que morre alguém.

Mas nasce também.

O cara que morreu, morreu no mesmo dia que um outro, famoso.

A mídia veiculou tudo. E todos queriam lhe dar o último adeus. Sim, ao famoso.

A mim parece que adeus é coisa ligada à último mesmo.

Assim ouvi. Só estou a repetir.

Tudo é meio que uma repetição. Não me lembro de ter criado nada.

Só repito. Feito papagaio.

Vai pensando, vai! Você também.

E quando a gente pensa que inventa, na verdade só reorganiza o que já está aí.

Escreve da esquerda pra direita, aí, pra inventar escreve da direita pra esquerda, de cima pra baixo... só que diz sempre a mesma coisa.

Sei lá. O cara era famoso, estourou na mídia e agora, uns dias depois ninguém mais fala.

Nunca vi o passado ficar tão passado tão rápido como agora.

A laranja parece mofar antes de cair do pé.

É tanta informação, tão rápido, que nossos processadores, ops! neurônios, parecem não dar conta.

Então, como as coisas voam, perdem valor também. Não que os aviões não valham nada. Acho que são até bem carinhos.

Mas a abundância faz com que o valor que damos às coisas diminua. Muitas vezes não percebemos seu valor real, absoluto.

Sei lá! Coisas pra se pensar.

Pensei.

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