doces momentos no jardim

Naquela tarde de sábado,
sob o sol da primavera,
embalado pelo canto dos pássaros
que brindavam os olhos
com suas brincadeiras
entre as palmeiras do jardim,
deitado na rede de algodão, adormeci...

Enquanto isso, ela,
amante das flores,
de tantas cores,
perfumes, odores,
colhia das flores
a doçura dos sabores...

Podia ouví-la,
ainda que o sono me atordoasse,
e ao perceber o seu silêncio,
entorpecido pelo sono preguiçoso,
naquele momento tão gostoso
abri os olhos ligeiramente
e a vi a observar-me s e d e n t a...

Foi quando lançou-se
de encontro à minha boca,
talvez,
encantada com a doçura de meus lábios
e...

a boca?
inchada,

a ferroada?
dolorosa,

abelhinha sem vergonha!


Josué Gomes















Há uma pedra.

Não há caminho que me leve a ela.
Gigante rochedo de granito temperado de oceano
a pedra sempre lá.


Aprisco de fantasmas daqueles que a fizeram sua morada.

E o mar!? sempre a açoitar!

Revolto recôndito anil,
lar da sereia,
redil,
com o vento a pentear os cabelos

e tremular as vestes daquele que o horizonte mira
no anseio de apascentar a ira.


Fragatas em silencioso balé,
gaivotas a desafiarem a maré,
o tempo que já não existe
e o Sol que a tudo assiste...
e insiste...
e persiste ...
a queimar...

Onde?
Como chego lá?

Josué Gomes