Outono
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Hoje o dia disse brisa, disse sol,
deu rumo e terminou.
Todo dia nasce e morre no mesmo dia.
A gente fica e espera. Que venha o próximo.
Todo dia a gente pode mudar o dia,
seguir um rumo, talvez sem rumo,
dizer coisas...
...coisas que vão sendo escritas na memória...
Um dia um livro chega pelo correio,
a gente abre e lê.
Vê que a vida, com seus altos e baixos,
deixou muita coisa legal.
...E todos os dias ela deixa,
enquanto houver a possibilidade de um amanhã.
(esse foi para minha amiga Nádia Rockenback,
que acabou de publicar seu livro "Outono"
pela Editora Protexto)
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Certa vez me vi acima delas.
Descobri que nada têm de algodão,
nem são doces,
mas são lindas;
E nos permitem refletir,
assim como refletem
a luz brilhante do sol nesta manhã.
Da mesma forma se tornam negras à noite.
Escondem a lua.
Às vezes trazem chuva.
Podem existir por vários motivos mais importantes,
mas, sem dúvida, estão aí para o nosso deleite.
Outro dia morreu um cara.
Sei, hoje também, e todos os dias parece que morre alguém.
Mas nasce também.
O cara que morreu, morreu no mesmo dia que um outro, famoso.
A mídia veiculou tudo. E todos queriam lhe dar o último adeus. Sim, ao famoso.
A mim parece que adeus é coisa ligada à último mesmo.
Assim ouvi. Só estou a repetir.
Tudo é meio que uma repetição. Não me lembro de ter criado nada.
Só repito. Feito papagaio.
Vai pensando, vai! Você também.
E quando a gente pensa que inventa, na verdade só reorganiza o que já está aí.
Escreve da esquerda pra direita, aí, pra inventar escreve da direita pra esquerda, de cima pra baixo... só que diz sempre a mesma coisa.
Sei lá. O cara era famoso, estourou na mídia e agora, uns dias depois ninguém mais fala.
Nunca vi o passado ficar tão passado tão rápido como agora.
A laranja parece mofar antes de cair do pé.
É tanta informação, tão rápido, que nossos processadores, ops! neurônios, parecem não dar conta.
Então, como as coisas voam, perdem valor também. Não que os aviões não valham nada. Acho que são até bem carinhos.
Mas a abundância faz com que o valor que damos às coisas diminua. Muitas vezes não percebemos seu valor real, absoluto.
Sei lá! Coisas pra se pensar.
Pensei.