"...ô cidade, quem foi que fez você tão cinza assim?
não teve dó de ver-te adoecer..."
Cidades são edificadas por pessoas.
Existem não por obra do acaso,
mas porque foram criadas.
Será que a cidade como é,
as cidades como são,
respondem,
ou correspondem,
às expectativas que temos?
Cidades não são prédios, são pessoas.
A cidade está dentro de cada um.
Se a cidade é cinzenta e fria,
apenas o é por reflexão daquilo
que absorve, e externa, daqueles que a habitam.
"...como estás triste,
as cores que te faltam, faltam em mim também,
pois perdi todo meu verde igul a a ti..."
A cidade perde seus verdes, seus azuis e lilazes,
veste-se da mortalha fria do cimento armado,
banha-se no rubro descaso das esquinas,
onde notícias impressas entopem bueiros escancarados,
e necessidades descartáveis prostram-se
diante postes e semáforos intermitentes.
"...sob nuvens,
teus edifícios olham mudos,
a esperrança e o futuro,
daqueles que te clamam e choram..."
Nas sarjetas, guias, cantos,
carvão impregnado no granito frio,
onde cobertores contem o pouco calor
que resiste à frieza da noite... longa...
...na qual o brilho da lua, quando há,
é quase nada,
e ainda assim tudo,
a refletir brilho nos olhos que marejam
na busca por atenção.
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